julho 22, 2008

NAVIOS NEGREIROS (Edições SM)

Num único volume a versão integral de um dos mais importantes poemas da literatura brasileira, o NAVIO NEGREIRO, de Castro Alves, e o poema homônimo de Heinrich Heine, escritor romântico alemão influenciado pelo iluminismo francês. Publicado pela primeira vez em 1854, tem caráter épico-narrativo enquanto que o de Castro Alves, surgido quinze anos depois, em 1869, é essencialmente lírico, revelando mais sobre o narrador que sobre o evento. No poema de Heine, em contrapartida, o mundo objetivo se impõe sobre o narrador.



A despeito da importância do tráfico de escravos como tema comum – e do trabalho interdisciplinar com a área de história – a reunião desses autores, inédita no país, enseja uma análise comparativa entre diferentes apropriações de um fato histórico cujas conseqüências ainda são visíveis no Brasil contemporâneo.









De um lado, temos os movimentos subjetivos de um narrador misturado à natureza – unidade desfeita pelo encontro do navio, que dá origem a interpelações angustiadas, de forte teor oratório. Já no poema de Heine, a natureza está mancomunada desde o início com a corrupção humana. De um lado, o apelo moral e humanitário do baiano condoreiro, do outro, o humor negro, a sátira dolorosa de um alemão nos alvores do realismo.

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